Por Cibele Carneiro, coordenadora do projeto Coalizão Cidades no Controle do Câncer
O início de mandato dos novos prefeitos e vereadores marca também uma nova etapa na luta contra o câncer no Brasil. Em 39 cidades, incluindo nove capitais, os eleitos assumiram o compromisso de priorizar políticas públicas voltadas à prevenção, ao diagnóstico precoce e ao tratamento adequado da doença por meio da adesão à Coalizão Cidades no Controle do Câncer.
A iniciativa, liderada pelo Instituto de Governança e Controle do Câncer (IGCC), é resultado de um esforço coletivo da sociedade e reúne mais de 80 organizações atuantes na causa oncológica. Quase 400 candidaturas aderiram ao movimento nacional, das quais 106 se elegeram com o compromisso de apoiar o controle do câncer nos municípios, podendo impactar diretamente mais de 32,5 milhões de brasileiros.
Nosso desafio agora é transformar esse compromisso em ação. Sabemos que a limitação orçamentária é um obstáculo para muitos prefeitos, tornando essencial a articulação com outras esferas governamentais e o fortalecimento de parcerias com a sociedade civil. Nos Legislativos, os vereadores podem garantir que a pauta oncológica avance por meio da fiscalização ativa, proposição de leis baseadas em evidências ou ampliação do debate e orçamento sobre o tema.
Diante destas e outras complexidades, a Coalizão decidiu concentrar esforços na ampliação da cobertura vacinal contra o HPV. A vacinação é uma das mais eficazes ferramentas de prevenção oncológica e pode evitar ao menos sete tipos de câncer, incluindo o câncer do colo do útero – o terceiro mais incidente entre as mulheres no Brasil. Prefeituras e vereadores têm um papel crucial nesse processo, garantindo que a meta de vacinar 90% das crianças e adolescentes seja alcançada.
Essa escolha não significa que os demais compromissos assumidos pelos eleitos deixarão de ser importantes. Pelo contrário, cada município tem a oportunidade de avançar em outras frentes, e as organizações que integram a Coalizão seguirão mobilizadas para isso.
Pesquisas apontam que, até 2050, uma em cada cinco pessoas será diagnosticada com câncer no mundo. Seria uma pandemia, caso o câncer fosse transmissível. Mas ainda há tempo para mudar essa realidade.
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Publicado no Jornal do Comércio de 13 de fevereiro de 2025.
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